O conceito de eficiência no Brasil é bastante elástico. Tanto quanto o de safadeza política. Durante anos, desde os primórdios da era Aécio Neves em Minas, me acostumei a ler loas à eficiência de Antônio Anastasia, secretário, vice-governador e, depois, governador das minhas Minas Gerais.
O famoso ‘choque de gestão’ de Aécio, marqueteado despudoradamente pela imprensa mineira e até por jornalistas respeitados como Luis Nassif, eram creditados ao embasamento técnico que lhe era dado por Antônio Anastasia que, pelo voto e, merecidamente, o substituiu no governo de Minas.
Toda uma nova linguagem gerencial, uma concepção de governo matricial, que leva para o setor público ferramentas do setor privado, tais como mudança ambiental, definição de objetivos, criação de oportunidades, desenvolvimento pessoal, descentralização administrativa e autocontrole, foi propagada como um sucesso do jovem e inovador governo de Aécio, continuado, com justiça, pelo real idealizador e gestor desta grande inovação, Antonio Anastasia.
Tudo papo furado!
Como prova, um pequeno exemplo recém divulgado: de acordo com o Tribunal de Contas de Minas (TCE/MG), o governo Anastasia desviou R$63 milhões de um fundo voltado para a fiscalização ambiental da atividade de empresas mineradoras para bancar o lucro contábil das empreiteiras que reformaram e administram o Mineirão. Dinheiro este, aliás, que prejudicou a fiscalização das barragens de contenção da Samarco, uma delas, Fundão, rompida em novembro de 2015, provocando o pior acidente ambiental do país.
E é este senador que relata o impeachment de Dilma, acusando-a de crimes que até o Ministério Público Federal reconhece que não foram cometidos. O choque de gestão, que não houve, tornou-se um choque de cinismo, que continua havendo…
* Ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos! (Stanislaw Ponte Preta)