Estou farto do linguajar comedido,
do escrito bem comportado
do escrito funcionário público
com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço
ao Sr. Doutor (seja juiz ou vereador!)
Estou farto do linguajar educado
que vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo as malditas isenções.
Escrevam todas as palavras,
sobretudo os barbarismos universais,
todas as construções,
sobretudo as sintaxes de exceção,
todos os ritmos, sobretudo os inumeráveis.
Estou farto do pacifismo enrolador,
político,
raquítico,
sifilítico.
De todo o pacifismo que capitula ao que quer que seja
Fora de si mesmo.
De resto, nem é pacifismo…
Será contabilidade
de inúteis acordos mal costurados,
com modelos surrados de tempos passados.
Somente
maneiras de agradar as elites, etc.
Quero antes a revolta dos pobres,
a revolta dos desprezados,
a revolta difícil e pungente dos pé rapados,
a revolta dos não robotizados
– Não quero mais saber do conformismo
que não leva à libertação.