Sexualidade (II)

É claro que um presidente que foi imensamente beneficiado pela liberdade das redes insociais – inclusive com a difusão ilegal por robôs, pagos por empresários amigos, de fake news  – não tem condições morais (se é que ele sabe o que é isto) de propor censura à liberdade de expressão ou, mesmo, decretar seletividade (o que implicaria em censores) àquilo que o povo teria direito de ler, ver, ouvir ou assistir, mas é fato que ele tem tentado justificá-las apelando para os valores cristãos do nosso povo, que precisam ser “preservados”.

A Inquisição começou assim… o nazismo começou assim… o fundamentalismo islâmico é assim! Nosso povo inculto e belo, que adora mostrar os corpos dourados ou brilhosos pela praias ou pelos sambódromos, que vibra com fornicações traiçoeiras nas novelas globais, que assina canais de sexo nas tevês pagas, que uiva de satisfação e alegria com as besteiras senis de um Sílvio Santos e as basbaquices ensaiadas de um Faustão, vai aceitar censura de novo?

Pode ser que sim… Circo é uma das colunas de sustentação do poder desde os tempos do Coliseu romano. E, apesar de Francisco, o conservadorismo vaticano prefere o dogmatismo neo-pentecostal à teologia da libertação. E a força espiritual num país católico com o Brasi, que poderia se contrapor ao fundamentalismo religioso/capitalista dos Macedos, Rodovalhos, Felicianos e Malafaias está acovardada, assim como os defensores da democracia e da liberdade se amedrontaram frente ao poder das redes insociais.

E o que são estas redes? Um território livre, onde cada um fala, grita, brinca, goza o que e quem quiser… é a liberdade total, sem restrições de qualquer natureza. Carluxo, o 02 dos Bolsonaros, aprendeu a lidar com ela e, assim, criou uma rede de jovens, desiludidos da vida careta oferecida pelos pais, inconformados com a política corrupta do país, e elevou o pai, um babaca que passou 30 anos deputando apenas para seu nicho político, à celebridade nacional, capaz de derrotar o petismo, desejo fundamental da elite financeira do país.

A grande jogada, nota-se hoje, não era só anular o lulo-petismo…  era criar as condições para o capitalismo global operar, sem restrições de qualquer natureza. O primeiro passo foi dado, mas, mesmo com a passividade bovina tradicional dos brasileiros, quem diria?, há resistências ao processo desnacionalizante!

O petismo, com todos os seus erros e defeitos, não morreu… Massacrado pela grande imprensa e preso pelo lavajismo patrocinado pelo capitalismo multinacional, Lula continua sendo referência nacional e mundial… Ambientalistas e indígenas denunciam a destruição de matas e florestas… Professores, alunos, intelectuais rebelam-se contra o desmonte da educação… Artistas não aceitam a censura cultural… e as organizações LGBT+ não se acovardam diante de pavões misteriosos que arrotam seu falso machismo nas redes sociais.

O barco conservador, que se expandiu pelo mundo na esteira das correntes migratórias de populações miseráveis, está virando rapidamente. Damares, weintraubs, salles, terraplanistas e fundamentalistas não conseguirão inverter a evolução natural do mundo… E a Parada do Orgulho LGBT em São Paulo continuará sendo uma das maiores e, certamente, a mais alegre do mundo todo!

Saravá!

 

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