É evidente – e um velho jornalista como eu não tem como ignorar isto – que a comunicação mudou seu paradigma. Não há mais intermediários entre a população e os governantes, como fez questão de ‘ameaçar’ o presidente eleito no dia de sua diplomação. Assim como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se comunica diretamente com a população tuitando em seu smartphone, Bolsonaro informa suas ideias (?), suas posturas, suas decisões através das redes sociais.
Para elegê-lo, deu certo… Para governar, dará? Mesmo num país que ainda precisa de heróis, acho que não! (perdoem-me a extrema dificuldade em compreender o povo brasileiro em sua essência: ele é malandro, safo, com um coração do tamanho de um bonde, mas capaz de sacanagens mil com seu maior amigo, só para zoar. Como é que ele cai num conto do vigário como o cantado no vídeo abaixo e vota num Mito? E por que ele, o povo, depois que é confrontado com as maracutaias da família presidencial antes de tomar posse, esconde a cabeça num buraco, feito avestruz, e deixa as coisas correrem, só para não reconhecer o erro cometido?)
As falsas pedaladas fiscais que redundaram no impeachment de Dilma, as ações contra Lula e o PT, a prisão do ex-presidente e a impugnação de sua candidatura á Presidência, tinham um propósito político claro: impedir o retorno de um governo popular. Aliadas às fake news bancadas por empresários que inundaram as redes sociais (Alô, Armando, isto pode?) e à estultice política de Ciro Gomes (que, certamente, seria presidente eleito hoje, se tivesse aceitado a oferta de ser vice de Lula) conseguiram… Mas abriram as portas para um governo populista muito mais perigoso que o que denunciam que é o petismo!
Além de generais habitando o Planalto e comandando pastas importantes na Esplanada, dos filhos presidenciais que c…m* regras sobre tudo, há os civis enrolados com a Justiça ou em seus discursos pró fascistas ou beirando o fanatismo: o futuro ministro do Meio Ambiente, que responde à ação civil por improbidade administrativa, acusado de alterar ilegalmente o plano de manejo de uma área de proteção ambiental para supostamente favorecer interesses empresariais, que quer que parques preservados sejam explorados pela iniciativa privada, para ganhar dinheiro; o futuro ministro da Economia, que é suspeito de cometer crimes de gestão fraudulenta e temerária à frente de fundos de investimentos, que defende a privatização geral e irrestrita porque ‘o mercado é mais competente que o Estado’, pouco se lixando para o fato de que 80% da população brasileira dependem de políticas públicas para sobreviver com alguma dignidade; a futura ministra de Mulheres, Família e Direitos Humanos, que vê Cristo em goiabeiras e acredita que a solução do país é a religião; e o futuro ministro das Relações Exteriores que quer ajudar o Brasil e o mundo a se livrar do globalismo que, na visão dele, é o mal do mundo, pois “é a globalização econômica que passou a ser pilotada pelo marxismo cultural!”
Por falar em corrupção – ou eu deveria dizer ‘um desvio de conduta’ que é feito por todos os políticos brasileiros e, por isso, não merece maior atenção de operações como a Lava Jato? – as famílias Bolsonaro e Queiróz se enrolaram em algumas operações bancárias envolvendo algo em torno de R$1,2 milhão, descobertas pelo COAF/MF, que não foram esclarecidas ainda pelo futuro presidente, que se limitou a falar em um empréstimo pessoal dele, da ordem de R$40 mil, ao seu motorista, segurança e companheiro de pescarias, ‘não declarados ao Imposto de Renda…’ (‘taí uma das vantagens de ser autoridade no Brasil: se eu sonegasse a Receita, estaria f….o*!)
Mas, nós vivemos numa democracia… e, por isso mesmo, Jair Messias Bolsonaro foi diplomado Presidente da República pela laqueada ministra Rosa Weber, que roubou o protagonismo da cena ao fazer um candente discurso em defesa da democracia e dos direitos humanos. Lembrando que aquele dia (10/12) se comemorava os 70 anos da aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela (ONU), disse ela:
“A democracia é também exercício constante de diálogo e de tolerância, de mútua compreensão das diferenças, sopesamento pacífico de ideias distintas, até mesmo antagônicas, sem que a vontade da maioria, cuja legitimidade não se contesta, busque suprimir ou abafar a opinião dos grupos minoritários, muito menos tolher ou comprometer os direitos constitucionalmente assegurados“.
Considerando o fato de que um dos filhos de Bolsonaro já publicou em seu twitter, uma foto do pai segurando um cartaz com os dizeres: “Direitos humanos, esterco da vagabundagem”, assim como a veemente defesa que Jair Messias fez do Coronel Ustra, o único torturador da ditadura oficialmente reconhecido como tal, na sessão de impeachment da presidenta Dilma Roussef, Rosa Weber deu um tapa de manopla (luva medieval) na cara do futuro presidente.
Ele, ou não entendeu ou preferiu fazer-se de desentendido, mas políticos aliados protestaram com veemência, dando abertura para os bolsominions ficarem enfurecidos nas redes sociais: Joice Hasselmann, deputada federal eleita por São Paulo, postou: “Já a ministra Rosa Weber nos submeteu a uma longa aula de direitos humanos fora de tom e de propósito….” E sua futura colega do Distrito Federal, Bia Kicis, criticou: “Rosa Weber espanta audiência virtual com seu discurso looooongo de aulinha de direitos humanos…”
Coincidentemente, o dia 10/12 também é o Dia do Palhaço. Milhões de brasileiros, vestidos a caráter, devem ter comemorado…!