Na rede social da família, alguns jovens contestam uma postagem minha sobre erros e acertos do PT e do governo, sobre fascismo religioso e sobre justiça na sociedade em geral. Um diz que os governos petistas fizeram pelo país o mínimo esperado, algo que qualquer governo teria feito em razão do andar da carruagem… Outra, sempre incisiva em suas opiniões, o que torna uma troca de idéias mais sujeita a amuos e incompreensões, joga no debate várias acusações, como criação de partidos no Brasil ser arranjo das elites, que o governo petista vetou o kit anti-homofobia, engavetou a lei anti-homofobia, a Dilma dirigiu carta ao povo de Deus e se omitiu publicamente em relação a direitos de minorias, como LGBT’s, além da composição política com fundamentalistas… E o terceiro, que raramente se manifesta mas, quando o faz, é para dizer coisas como: “Viva o PT é desgraça alheia – SOS”.
No geral, o inconformismo ou, até mesmo, a revolta de boa parte dos jovens contra os governos petistas, é perfeitamente compreensível: jovens na faixa dos 30 anos hoje, só tiveram vivência política com governos petistas… Lula foi eleito em 2002, quando muitos destes jovens votaram pela primeira vez, e boa parte deles embalados por um desejo de mudança que a maioria nem mesmo sabia do que. No geral, há 12, 15 anos, estes jovens, filhos de classe média, estudantes de escolas privadas, freqüentadores de shoppings, encaravam a política como coisa dos “velhos” que, em grande parte, também preferiam discutir futebol, tomar cerveja e jogar baralho, pensando em política apenas na hora de votar, e para reclamar da obrigatoriedade. Que fique claro: eu disse ‘em geral’… Há exceções, como é de praxe.
Então, quando um jovem destes me afirma, com convicção, que os “governos petistas fizeram pelo país o mínimo esperado”, eu fico me perguntando como a história do Brasil é ensinada nas escolas? Um montão de fatos e datas sem qualquer análise crítica ou debate, desprovidos de qualquer contextualização, como era na minha época? As aulas de Educação Moral e Cívica, introduzidas pelos militares durante a ditadura, exatamente para nos fazer decorar os hinos pátrios, venerar a bandeira nacional e cantar “Eu te amo, meu Brasil, eu te amo/Meu coração é verde, amarelo, branco, azul-anil…” ainda existem? Se sim, ensinam o que?
De novo, que fique claro: eu não sou petista. Ao contrário, durante minha vida profissional, tive vários conflitos com petistas que, no geral também, sempre se acharam donos das vontades dos trabalhadores, sendo capazes, inclusive, de emperrar negociações de acordos salariais benéficos para os trabalhadores porque não era do interesse deles, petistas. E é por isso que eu me dou o direito de argumentar com um jovem de hoje, perguntando o que os governos anteriores aos petistas – vou me ater aqui apenas àqueles que eu acompanhei politicamente, ou seja, de Jango (em 1961, quando Jânio renunciou, eu tinha 13 anos e, graças à minha timidez, ao meu pai e seus muitos livros, já acompanhava política com gosto) a Fernando Henrique Cardoso.
Eu sei que os jovens, habituados hoje às poucas linhas de palavras ou meias palavras de twitter, facebook, whats’app e que tais, não apreciam os textos longos e a perda de tempo que eles ensejam… mas, não há como debater governos
e suas políticas sem contextualizar uns e outras. Por isso, este post será subdividido em tantos quanto forem necessários. Espero contribuir com a minha vivência deste longo período político do país para quem tiver paciência para lê-los dia a dia. (continua)
Aguardando a continuação… Rsrsrs
Obrigado, Jonas… Não esqueça de fazer as críticas, que muito me ajudarão a melhorar.