O site Jornalistas Livres fez matérias relativas ao golpe, sob o título “Por que eles querem tomar o poder?”, analisando três motivos que, em hipótese alguma, serão apresentados pela grande imprensa: Bolsa Família, Direitos Trabalhistas e Privatizações.
Nesta última, há um trecho que diz o seguinte: “A luta em São Paulo, pela reorganização escolar, tem como pano de fundo o objetivo de privatizar, de transferir escolas para ‘organizações sociais’, exatamente como foi feito na saúde. O argumento é sempre o mesmo: tudo funcionará melhor nas mãos da iniciativa privada. Diga com sinceridade se os serviços privatizados estão te atendendo bem? Você acha que paga preços justos no telefone, na eletricidade? Você viu sinais da competência privada no desastre de Mariana?”
O brasileiro em geral tem uma péssima imagem dos serviços oferecidos pelo Estado. A Saúde Pública, por exemplo, é vista como “o pior dos mundos”, com salas de espera entupidas de gente ansiando pela presença de um médico, que nunca está presente, com os corredores dos hospitais diuturnamente atravancados por doentes jogados sobre macas, por falta de leitos hospitalares, com os equipamentos antiquados ou permanentemente quebrados, com a falta constante de remédios de alto custo, prejudicando os tratamentos…
E por que predomina esta imagem negativa, especialmente entre a classe média que, na realidade, dificilmente usa a saúde pública, preferindo pagar por planos de saúde particulares, sempre caros e onde o atendimento, muitas vezes, é tão semelhante aos prestados nas unidades públicas?
Basta ver os noticiários televisivos para entender o por que. Naqueles chamados regionais, tipo DF-TV, então, há uma profusão de informações sobre a falta de vacina para atender a população ou a falta de pediatras para socorrer as pobres crianças gripadas ou a velhinha que ficou jogada na maca à espera de uma vaga ou a gestante desesperada vagando de hospital em hospital até dar à luz na porta de um deles…
As imagens vendidas pela imprensa, para hospital público x hospital privado
1. salas de espera entupidas x salas de espera confortáveis; 2. doentes à espera em corredores x
camas e gente atenta para atender clientes; 3. equipamentos sucateados x equipamentos ultra modernos e à disposição a tempo e à hora, desde que não seja para o SUS
Nunca há qualquer reportagem mostrando as dezenas e dezenas de pessoas, basicamente de baixa renda, que foram atendidas no dia marcado para a consulta, ou mostrando a quantidade de operações feitas por determinado hospital público, considerado de excelência naquela especialidade, ou o custo real de um medicamento de alto custo que é fornecido gratuitamente para um doente, seja ele miserável, remediado, classe média ou, até mesmo, rico (afinal, todos têm direitos a serviços oferecidos pelo Estado).
Eu tenho plano de saúde, e já utilizei hospitais públicos algumas vezes como, por exemplo, quando minha filha se queimou com água quente (o HRAN, de Brasília, tem atendimento especializado para queimados) ou quando outra filha nasceu com uma síndrome raríssima e tivemos que levá-la para o Centrinho, hospital especializado de Bauru, São Paulo. Atendimentos excepcionais em ambas as vezes. E, de outras vezes também, em casos menos complicados, nada tenho a reclamar.
Harold (Boake) Carter foi um radialista americano, famoso nas décadas de 30/40, que disse que “em tempo de guerra, a primeira vítima é a verdade”. No Brasil das últimas décadas, nós vivemos uma guerra não declarada, em que o grande capital tem conseguido impor derrotas à Nação brasileira – Getúlio caiu, Jango caiu e há grandes chances de Dilma cair, ou virar uma rainha da Inglaterra, sepultando a possibilidade do retorno de Lula. Nesta guerra, inteiramente encenada pela grande imprensa, com a complacência dos governos, inclusive progressistas, a verdade continua sendo a primeira vítima.