Muito pouca gente conhece José Ribamar Ferreira de Araújo Costa, nascido em Pinheiro, em abril de 1930. Com este nome, começou a fazer política em seu Estado mas, como é tradicional nas pequenas cidades do interior – e São Luis do Maranhão era uma pequena cidade, apesar de capital – os jovens eram conhecidos por serem de alguém, do pai dono de um bar ou da mãe costureira ou do avô serralheiro. Daí, José de Ribamar ia aos comícios políticos para fazer sua campanha, onde os correligionários só o chamavam de Zé do Sarney, seu avô, que se transformou em José Sarney, nome com o qual ele chegou à presidência do Brasil.
José Sarney mandou na política do Maranhão de 1965 até 2014 e, em 39 anos de coronelismo, ele e seus apaniguados, inclusive sua filha, conseguiram recordes impressionantes para o Estado: a média de mortalidade infantil é quase o dobro da nacional, é o único onde a expectativa de vida não chega aos 70 anos e onde há a pior relação de número de policiais por habitantes (1 x 916). Mais: lá, metade da população não tem água tratada em casa, a renda domiciliar per capita é a menor do país e é o Estado que apresenta o maior percentual de pessoas em situação de extrema pobreza, com mais de 24% da população ganhando até R$ 70 por mês, entre outros índices tão negativos quanto. Ou seja, numa frase respeitosa ao ex-presidente do Brasil, o máximo que se poderia dizer é que nosso mais longevo político, que já foi a vanguarda do atraso, ainda é, sem qualquer cargo hoje, a culminância do conservadorismo, a essência do coronelismo nordestino.
E, para seguir a tradição, seu caçula, Sarney Filho, que já foi ministro do Meio Ambiente de Fernando Henrique Cardoso, retornou agora ao cargo, pelas mãos do interino. E o fez conforme a mais óbvia tradição familiar: loteando politicamente o ministério e respondendo, quando criticado, que o “realinhamento” de cargos atende o papel político do ministério que, caso não fosse feito, travaria todas as suas engrenagens.
Deve ser por isso, aliás, que Sarneyzinho exigiu que várias áreas de seu ministério fossem dotadas de aparelhos de fax – os mais jovens sabem o que é isso? É um aparelho acoplado ao telefone que transmite papéis em geral para outro aparelho de mesma configuração. Fiel às atitudes paternas, ele não acredita – ou tem receio – de modernismos como whats’app, facebook, telegram e que tais… Sarney Filho só confia em invenções com mais de 30 anos, tempos em que seu Maranhão ainda sobrevive.