Estórias Passageiras (24/01/2023)

O lado verde oliva da Força

– Eu era garoto ainda quando JK se elegeu presidente do Brasil. Mineiro, médico, pé-de-valsa, vendia otimismo após o suicídio de Getúlio Vargas, pressionado pelos poderosos de sempre do país. Seu slogan: 50 anos em 05! Implantou a indústria automotiva, abriu rodovias, construiu Brasília.

– E derrotou duas revoltas militares. Não havia reeleição então, mas ele saiu em 1960 já com a candidatura indicada para 1965, com vitória assegurada. Aí os milicos tomaram o poder em 1964 e ele foi cassado. Assim como seu adversário, que apoiou o golpe, Carlos Lacerda.

– Por que estou lembrando isto? Por causa dos salamaleques do baronato nacional – aquela turma que conduz os destinos do país – com relação à forma como Lula deve conduzir o relacionamento com os militares, após o golpe fracassado de 08 de janeiro.

– A participação dos milicos é sussurrada, apesar de óbvia – os acampamentos, chocadeiras do golpe,  foram mantidos em frente os quartéis, lugares onde até chupar sorvete com a namorada é proibido; tanques protegeram os acampados após o golpe fracassado; milicos emudeceram…

– A grande imprensa, sempre cheia de dedos ao falar de generais, de repente ficou mais corajosa: questiona o ministro civil da Defesa, lembra o exemplo do presidente americano Harry Truman, que demitiu o general MacArthur, herói da II Guerra, que o desafiou…

-…e, sutilmente, deixa entender que Lula quer fazer um troca-troca: os comandantes ‘despolitizam’ as Forças e ele fornece recursos para todos os programas que eles desejam, bem como não mexe nos tantos benefícios que eles receberam no governo do ex-mitô.

– Ai Lula, de repente, não mais que de repente, exonera o comandante do Exército! O baronato faz oh!, a grande imprensa faz ah! Logo, analistas e comentaristas estarão dizendo que a prisão acabou com o Lula conciliador… e que sua vingança será maligrina!

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