O conhecido deputado baiano José Carlos Aleluia, do DEM, não é considerado do baixo clero da Câmara Federal. Com uma extensa ficha política, iniciada nos bons tempos de Antônio Carlos Magalhães, Aleluia começou dirigindo estatais, a Coelba, no âmbito estadual, e a Chesf, no federal, entre 1987 e 1989. Aí, pulou direto para a deputança federal, tendo sido eleito em 1990, 1994, 1998, 2002 e 2006. Bem posto entre seus pares, foi líder do PFL (atual DEM) entre 2003 e 2005 e líder da Minoria, entre 2005 e 2007, sempre em oposição estridente ao governo Lula e ao PT.
Em 2010, se candidatou a senador pela Bahia e perdeu, ficando em 5° lugar, voltando a disputar a cadeira de deputado federal em 2014, quando foi eleito com pouco mais de 100 mil votos. Sua vida parlamentar é salpicada de denúncias mal apuradas ou, simplesmente, esquecidas por obra e graça de acordos políticos bem costurados. Exemplifico com duas:
1. em 1993, quando exercia seu primeiro mandato, foi acusado de pertencer aos “Anões do Orçamento”, deputados de baixa estatura (física e/ou moral) que se envolveram em fraudes com recursos do Orçamento da União, roubando mais de R$100 milhões. A Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada então, investigou 37 deputad
os e pediu a cassação de 18 parlamentares, mas só 06 perderam o mandato. Aleluia não foi denunciado pela CPI pois, segundo consta, o PFL fez um acordo com o PMDB, livrando sua cara e a do deputado Sérgio Guerra, futuro presidente do PSDB;
2. em 2006, a Polícia Federal, acionada pelo Ministério da Saúde e pela Controladoria Geral da União, deflagrou a Operação Sanguessuga, para investigar um esquema de fraudes envolvendo emendas de parlamentares e compra de ambulâncias superfaturadas, uma roubalheira da ordem de R$120 milhões. A Operação originou uma CPI Mista no Congresso, que investigou 87 deputados e 03 senadores, além de 25 ex-parlamentares. Não deu em nada, como sempre, especialmente porque a grande imprensa conseguiu transformar a “máfia das ambulâncias” no “escândalo dos aloprados”, embaralhando as eleições de 2006. Aleluia, conforme documento apreendido pela Polícia Federal, foi acusado de autorizar o deputado Lino Rossi, um dos líderes do esquema, a negociar propina com os donos da Planam, empresa que intermediava a operação fraudulenta, tendo recebido R$400 mil. 
Política é assim mesmo, dizem os políticos… basta você virar vereador, deputado, senador, para aparecer um monte de acusações sem fundamento plantadas na imprensa amiga com o objetivo claro de denegrir a imagem do adversário político. Dificilmente, há incriminação formal, seja no Conselho de Ética (???), seja pela Justiça. E o nobre parlamentar permanece livre, fagueiro e veemente contra a corrupção… dos adversários!
Tanto é assim qu
e foi justamente o deputado José Carlos Aleluia um dos escolhidos (o outro foi Luiz Lauro Filho/PSB-SP) para acompanhar a Assembléia Geral da ONU em que a presidenta Dilma, segundo a imprensa brasileira, iria denunciar o golpe que estava sendo perpetrado contra ela.
A presidenta não falou em golpe, mas mencionou problemas que o povo brasileiro saberia superar, e o deputado Aleluia, após a fala, deu entrevistas à imprensa estrangeira e, do alto de sua importância como representante da Câmara, indicado pessoalmente pelo impoluto Eduardo Cunha, foi taxativo e definitivo: nossa presença aqui “teve influência na decisão sensata da presidente de não atacar as instituições brasileiras na ONU. Inibimos Dilma”.

“Inibimos Dilma…”

Deputado eleito é de interesse nacional?