Meus pitacos quase diários (05 e 06/10/2024)

1 – Como indica a estátua na praça dos Três Poderes, em frente ao STF, a Justiça é uma mulher (Têmis, deusa grega) de olhos vendados (imparcialidade), com uma balança numa das mãos (equilíbrio) e uma espada na outra (força). No Brasil, deveria carregar outro símbolo, a conveniência.

– Nossos procuradores gerais e juízes superiores não medem esforços pra evitar ruídos em situações políticas tensas ou propensas a agitarem as massas, o que poderia balançar o coreto do status quo. Está aí a enrolação pra denunciar o ex-mitô a confirmar minha sugestão.

2 –  Um deputado do baixo clero que pregava tortura e guerra civil nunca foi levado a sério por seus pares e pelas pessoas responsáveis do país. Virou presidente da República e levou o país ao caos. Seguidor seu, com um nível de cafajestice bem acentuado, se candidatou a prefeito.

– Deu vários dribles na Justiça, que manteve sua candidatura, transformou os debates em picadeiros, disseminou o ódio pelas redes e foi tolerado pela Mídia, pois aumentou a audiência, o que aumenta os lucros. A Política está definitivamente morta e enterrada no país.

3 – Neste novo capítulo de cafajestice do Pablo Marçal, falsificando um laudo médico – com a cumplicidade de um médico condenado por falsificação de diploma – constata-se outra verdade dolorosa: a Justiça segue os passos da Política, a caminho do cemitério…

– O TRE/SP manda retirar os posts sobre os laudos falsos das redes, mas rejeita suspender os perfis do Marçal que, como se sabe, está disseminando automática e ininterruptamente os posts através de robôs e gente regiamente remunerada.

4 – Eu acredito que as feministas brasileiras precisam ficar muito atentas à votação das mulheres da cidade de São Paulo. Lá tem uma candidata mulher com, segundo os entendidos, um brilhante futuro político pela frente; tem um candidato à reeleição que foi acusado de…

-…uma suposta agressão à sua esposa; e tem um candidato coach-cafajeste que é declaradamente misógino. Dependendo da votação dos três, talvez elas precisem encarar o fato de que o maior problema da luta feminsta no Brasil sejam as próprias mulheres. 

5 – Há muitas razões. A principal é o analfabetismo político: os caras adoram xingar o governo por tudo de errado na vida dele mas, na hora de votar, escolhe alguém indicado pelo amigo, pelo chefe, pelo pastor ou aquele que pegou seu filhinho no colo na passeata.

– Também há o conservadorismo: 500 anos de ensinamento católico, agora suplantado pelo pastoreio evangélico, não admitem pautas progressistas, pois Deus continua sendo o guia e a solução pra tudo. Por fim, 50 anos de medo do que nunca existiu: o comunismo do PT.

6 – Houve muita gente, dos Farialimers aos barões da imprensa, muito satisfeitos com a cafajestice final do Pablo Marçal. Uns e outros não tiveram que assistir ou transmitir, com o profissionalismo devido, a última passeata de Boulos pela Paulista, com a presença do Lula.

– O laudo falso tomou conta do noticiário. Interessante observar que a JovemPan, de evidente postura de direita, deu flashes da passeata, sempre com imagem fechada, para parecer pouco prestigiada. E imagem é tudo, né mesm…?

7 – Interessante observar, também, que o Jornal Nacional, o paradigma do noticiário televisivo do Brasil há 55 anos, foi um dos que não mencionou o laudo falso contra o Boulos. Tem uma razão: Roberto Marinho, o pai, a alma da Globo, dizia, sem contestação:

– “O importante não é o que publico, mas o que não publico”. E, enquanto vivo e todo poderoso de sua organização, não noticiou muitas coisas que, publicadas, fariam balançar o poder. Milicos e civis submissos acendem velas pra ele até hoje…

8 – A compra de votos é quase uma tradição nas eleições brasileiras. São históricas as artimanhas usadas pelos velhos coronéis pra garantir votos pra ele ou seu filho ou algum parente, como a entrega ao eleitor de um pé da botina antes e do outro depois das eleições.

– Nas eleições atuais, a PF teve que se desdobrar. Botinas não são mais moeda de troca e os eleitores querem é bufunfa mesmo e, às vezes, aparelhos eletrônicos. Ainda há muitos, porém, que não dão qualquer valor ao voto ou a si próprio: vendem-se por R$20,00!

9 – O cafajeste não é o primeiro e nem o único, mas o destaque que a grande imprensa deu a ele e seu maucaratismo foi tal que o nível dos demais políticos conseguiu ficar abaixo do esgoto alcançado no período bolsonário. Até a doce Tábata, tão louvada por esta grande…

-…imprensa, foi capaz de acusar o cafajeste e, ao mesmo tempo, deixar uma sutil desconfiança de que a acusação falsa contra o Boulos podia não ser tão falsa assim. E olha que até o ex-mitô, que é da mesma laia, condenou a cafajestada…

10 – Meu pai foi médico numa pequena cidade de Minas, cercada de fazendas, antes de rodar o Brasil como sanitarista. Ele não era de falar muito de seu trabalho, mas sempre lembrava duma experiência traumática: amputar a perna de um peão substituindo a anestesia por cachaça.

– A guerra em Gaza completa 01 ano amanhã. Quantos palestinos, crianças inclusas, foram amputadas sem anestesia e sem cachaça? E a tragédia se repete no Líbano… Até quando?

11 – A grande imprensa brasileira está sendo engolida pelas redes sociais, mas permanece cheia de dedos ao noticiar certos fatos que envolvam figuras que, mesmo sendo reconhecidas como pilantras, podem trazer algum benefício, político ou comercial, para ela.

– Assim, o cafajeste, picareta, mau carater Pablo Marçal, mas com possibilidades de ganhar a Prefeitura de São Paulo, é, quando muito, marginal – que o Otávio Guedes, da GloboNews, explica que é alguém à margem de alguma coisa, não necessariamente bandido.

12 – Nietzsche, filósofo prussiano, era um crítico da sociedade, da cultura, da religião, da política. Mas era músico também e, como tal, disse que “Sem a música, a vida seria um erro”. Czardas foi composta pelo italiano Vittorio Monti, baseado no folclore húngaro.

– Popularizada pelos ciganos, a disputa, que é parte da vida,  é intensa entre os instrumentos, e confirma Nietzsche. Infelizmente, as disputas eleitorais de hoje não têm música. Cafajestes adoram o erro e detestam a vida!

13 – Que me xinguem analistas e comentaristas, mas conhecimento é fundamental!

Allen Saunders: “A vida é aquilo que acontece enquanto você faz planos para o futuro”

14 – Quem diria? ainda se faz Jornalismo no Brasil: leituras (e vídeos) que acho importantes

https://jornalggn.com.br/operacao-lava-jato/com-toffoli-o-segredo-bem-guardado-da-republica-de-curitiba/

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *