Quem diria? ainda se faz Jornalismo no Brasil: leituras (e vídeos) que acho importantes
Que me xinguem analistas e comentaristas, mas conhecimento é fundamental!
Mark Twain: “Se Cristo estivesse aqui agora, há uma coisa que ele não seria: cristão.”
1 – Eu conheci Frei Beto no ginásio, estudante do Colégio Estadual da Serra, que era ao lado do Convento dos Dominicanos, onde costumava ir pra discutir a situação pré-ditadura. Os dominicanos, seguidores da Teologia da Libertação – conscientizar os pobres que…
-…sua pobreza não é natural e, muito menos, uma vontade de Deus. Eles me ajudaram muito a ter uma consciência política e é animador saber que muitos freis e padres continuam fiéis à Teologia, que foi sufocada pela própria Cúria Romana (recorte do Reconversa, no post anterior).
2 – CIEPS – Centros Integrados de Educação Pública – foram implantados pelo então governador do Rio, Leonel Brizola, sob inspiração do Darcy Ribeiro, há 41 anos. Foi uma tentativa de mudar o modelo educacional que funcionou no Brasil por 500 anos.
– A elite brasileira detestou. Filhos de pobres na escola de tempo integral era um perigo! Aprenderiam além do fundamental, iriam querer mais e ela acabaria tendo que enfrentar mão de obra consciente e exigente de seus direitos.
– E estão adorando as mudanças propostas por governadores bolsonaristas: escolas cívico-militares e escolas públicas privatizadas. Mão de obra passiva e barata pra sempre!
3 – Os de sempre – empresários, ruralistas, banqueiros, financistas – deram uma tacada exploratória: forçaram a devolução de parte da MP proposta pelo Haddad, que estancava uma mutreta tributária, pra balançar o ministro pra fora do governo.
– A imprensa familiar ajudou bastante: com Bolsa caindo e dólar subindo, cravavam seu pedido de demissão ou sua demissão pelo Lula. Não deu certo: Lula disse que ele é extraordinário. Vão tentar novamente. Eles sabem que Haddad é o escolhido de Lula pra substituí-lo.
4 – O assunto voltou a agitar a sociedade. Tempos atrás, a então ministra Damares Alves colocou sua corja de fanáticos religiosos para impedir que uma menina de 10 anos fosse impedida de realizar um aborto legal – ela fora estuprada por um parente. Houve reação da…
-…sociedade à época e isto permitiu que o aborto fosse realizado. Mas a bancada pastoral não desistiu. E quis (quer) aprovar o PL do Estuprador, com 02 objetivos: emparedar Lula politicamente e colocar as mulheres em seu devido lugar, a subserviência aos homens, estupradores ou não.
– Que as mulheres mirem no exemplo de La Passionária: “Non passarrám!”
5 – Eu já escrevi isto aqui: um dos maiores empecilhos das mulheres pra mudar a postura machista da nossa sociedade são as próprias mulheres. É concebível que deputadas, que se presume serem pessoas esclarecidas e com amplo acesso às informações possam ser…
-…favoráveis a um projeto que lhes retira direitos conquistados na década de 40 do século XX? Há deputadas que são! Só podem ser as mulheres normais que, como dizia Nelson Rodrigues, são as que gostam de apanhar.
6 – Lula comete um erro básico ao não mandar seus ministros e parlamentares que dão apoio ao seu governo serem muito mais presentes nas redes sociais. A mobilização das massas hoje é feita nelas e é preciso dar-lhes material pra combater o bom combate.
– Flávio Dino entendeu isto e qualquer debate seu era postado imediatamente nas redes. Paulo Pimenta está fazendo isto agora. Mas a maioria ainda fica cheia de dedos pra descer o cacete tanto contra as fake news quanto contra os desclassificados que as criam e disseminam.
7 – Não é um ou dois ou meia dúzia… são muitos e em todos os lugares do país. Será que é por isto que o pastor Sóstenes Cavalcanti apresentou o PL do Estuprador e ainda exigiu urgência pra sua tramitação na Câmara? E que o Arthur Lira deu um jeito desta urgência ser aprovada em 23 segundos?
8 – Mas, o que vocês queriam? Lá, o orçamento do Estado é comandado pelo governo, aqui pelo Congresso; lá os parlamentares aprovam ou não projetos de acordo com o interesse da população; aqui criam projetos de lei pra testar o presidente; aqui o presidente…
-…do Banco Central é autônomo do governo mas não do Mercado, lá, Banco Central e Mercado são dependentes do governo. Sugiro seguirem o conselho que dei pras minha filhas: botem meus netos e netas pra aprenderem mandarim…
9 – Através dos ministros Silvio Almeida, Anielle Franco, Cida Gonçalves, Marina Silva, Simone Tebet e Alexandre Padilha, o governo se manifestou contra o PL do Estuprador. Mas a Globo acha que eles não representam o governo. Seus comentaristas insistem em colocar no…
-…ar só a fala do líder na Câmara, José Guimarães – “não é problema do governo” – como se fosse a posição do Lula, que não quis se manifestar antes de voltar da reunião do G7 na Itália. Ah! A Janja também criticou o PL, “mas ela demorou muito pra falar”, disse a Sadi…
10 – O jornalismo investigativo e sério de apenas um site que não tem rede de tevês e rádios nem jornais foi capaz de reduzir a previsão de custo da reconstrução do aeroporto em 600 milhões… Se toda a grande imprensa agisse assim, a elite nossa e de fora cumpriria nossas leis.
11 – Está na cara de quem tem mais de 02 neurônios que há uma razão pro PL do Estuprador ser tratado como foi pela Câmara. Seu presidente escondeu o que se estava votando, aprovou a urgência em 23 segundos e, com isto, o projeto não será debatido como deveria.
– Por quê? Porque os deputados que não concordam com ele têm medo de serem taxados (e serão) de abortistas, sendo massacrados nas redes. Porque o povo em geral, pouco consciente e dependente de Deus, é contra o aborto. E os deputados, em geral, não têm convicções, só interesses.
12 – Gilmar Mendes, o decano do STF, criou fama de não medir palavras em seus pronunciamentos, principalmente contra desafetos. E ele considera os protagonistas da Lava Jato seus desafetos, talvez porque se culpe por ter barrado a indicação de Lula pra ministro da Dilma.
– No entanto, está sendo muito bonzinho ao chamar Moro e Dallagnol de ladrões de galinha… Eles ajudaram a abrir o esgoto bolsonarista que roubou a alma brasileira que levará muitos anos pra voltar a sorrir e cantar.
Sou muito consciente, temente a Deus e contra o aborto.
Em minha humilde consciência acredito que a solução mais eficiente seria a discussão de se evitar a gravidez. Fico perplexo pela ausência dessa pauta em políticas públicas. Em rápida pesquisa após a leitura de seu texto, encontrei a Lei 13.798/2.019, que tem o objetivo de disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez na adolescência. Excelente projeto que está a disposição na Biblioteca Virtual do ministério da Saúde.
Se as pessoas ouvissem e colocassem em prática o que Cristo falou e fez quando esteve na terra, se às pessoas conhecessem a história heroica de Maria que colocou a sua integridade moral e física além da própria vida em risco para salvar o Jesus que estava em seu ventre e quando quiseram matá-lo quando ele tinha 2 anos. Se as pessoas compreendesse o valor da vida, do amor que ama a Deus em 1° lugar e ao próximo como a si mesmo (o embrião ou feto não seria um próximo?) essas discussões não existiriam. O que seria de nós que escrevemos e lemos essas mensagens se nossas mães tivessem nos abortados?
Sem dúvida, você é uma pessoa consciente, o que, há de convir, não é algo muito comum no Brasil, em que 500 anos de dominação do poder pelas elites, conscientização política, educação e cultura sempre foram desprezadas. Acho que é por isto que, de tempos em tempos, muito mais por interesse político do que por religiosidade, que assuntos como aborto, maconha, laicidade do Estado entram na pauta do Congresso. Atualmente, então, com a polarização entre democracia e autoritarismo, estes temas não sairão da pauta.
Quanto à educação sexual no Brasil, se você puder pesquisar com mais profundidade, vai saber que ela começou a ser discutida em 1920 – mas a preocupação então era machista: preparar a mulher para bem exercer o papel de mãe e esposa. E em 1928, educadores (não o Congresso) aprovaram educação sexual para crianças acima de 11 anos. Com a evolução da sociedade no geral – nem tanto no Brasil – com significativa liberação dos costumes e da sexualidade (a pílula anticoncepcional liberou as mulheres da inevitabilidade da gravidez), a discussão do assunto ganhou outras conotações, como o feminismo e a homossexualidade. E, com isto, parte da sociedade brasileira ainda encara educação sexual nas escolas com reservas. E as escolas seriam os locais mais adequados para “disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez na adolescência” e na infância (70% dos estupros no Brasil são de meninas até os 14 anos!!!).
Quanto ao lado religioso da questão, como já disse várias vezes, eu sou agnóstico. Mas considero Cristo o homem mais importante que já passou pela Terra. Acho que as religiões – qualquer uma delas – são importantes, assim como as regras sociais, para controlar os seres humanos, que são muito mais selvagens que os animais assim chamados. E, mesmo assim, abomino o que as religiões fizeram e fazem em nome de Cristo. Propor mudanças na legislação brasileira referente ao aborto não significa salvar vidas, significa arriscar (e muitas vezes,